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Foto do escritorRochelle Gutierrez Bazaga

Outubro Rosa: saúde da mulher deve ser analisada de forma integral



O Outubro Rosa traz um alerta importante sobre a saúde da mulher e a necessidade de uma perspectiva de cuidado integral. Ter tempo para si mesma e conhecimento sobre os cuidados essenciais com a saúde ainda é um desafio para muitas mulheres. Dados de uma pesquisa feita pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com o Datafolha, de 2019, mostram que pelo menos 5,6 milhões de brasileiras não possuem o costume de ir ao ginecologista, 4 milhões nunca procuraram atendimento com esse profissional e 16,2 milhões não passam por consulta há mais de um ano.

A abordagem, que precisa ser mais assertiva, deve considerar, segundo a enfermeira, mestre em Atenção à Saúde, Caroline Freitas Silveira, as particularidades de cada mulher, por meio de uma análise das questões e os fatores sociais, biológicos, culturais, históricos e econômicos. “Precisamos entender qual o lugar da mulher dentro da sociedade, o que cada mulher entende por saúde, individualizar essa questão e começar a educar cada uma para um sentido máximo, amplo, algo que não seja relacionado somente à ausência de doença. Quando a mulher entende, compreende e é sensibilizada a respeito de todas as nuances que permeiam a vida dela, é que ela começa a entender o quanto ela é vedada dos seus direitos”, diz.

Outra questão que merece destaque é o acesso à informação, ainda escasso no país. “Quem trabalha nos serviços de saúde da mulher sabe que nem todas as mulheres têm acesso e conhecimento sobre saúde reprodutiva, biológica e sexual. É muito fantasioso pensar dessa forma, nós não temos ainda uma sociedade e uma política de atenção integral à saúde da mulher que atinja 100% das mulheres. Então, a desinformação é um desafio que a gente enfrenta, porque, quando a população feminina relativiza e não denuncia, o que aconteceu com ela é naturalizado e a gente não tem números, e para tudo a gente precisa de dados”, continua.

Do ponto de vista econômico, a enfermeira reforça que é necessário entender qual a fonte de renda e meios de subsistência de cada mulher, para que sejam pautados os cuidados pontuais em relação à saúde sexual, reprodutiva e de atenção ao enfrentamento da violência doméstica e aos cânceres, como de mama e útero, que estão entre as maiores causas de morte entre as mulheres. “Quando nós temos representantes políticos, a gente entrega na mão dessas pessoas o direito de decidirem sobre saúde e direitos das mulheres, e quem entende sobre saúde e direito da mulher são mulheres. É preciso levar o conhecimento de que não está tudo bem elas serem tratadas dessa forma, elas chegarem em um serviço e serem negligenciadas, que não é normal uma mulher sofrer qualquer tipo de violência em um serviço de saúde, que não deve ser aceitável uma mulher se sentir minimizada por qualquer questão relacionada à sua saúde. Quando uma mulher entende que ela é mais do que fizeram ela acreditar que é, que ela merece e tem direito civil, público, de ter muito mais do que ela tem, aí sim, essa mulher é capaz de se unir a outras e buscar melhores atendimentos, serviços e qualidade em tudo que diz respeitos às suas particularidades”, pontua Caroline.

Mulheres na política

Para lutar pelos direitos que possuem, é muito importante que as mulheres se insiram cada vez mais na política e entendam o papel que cada um representa para que ela possa conquistar o espaço que merece. “A política pública da mulher é intersetorial, ou seja, ela dialoga com as várias pastas. A mulher, particularmente, tem demandas específicas para a saúde e essas demandas precisam ser entendidas”, explica a historiadora, mestre em História Política, Rochelle Gutierrez Bazaga.

Sendo assim, a participação das mulheres na política garante o debate e a defesa que se possa alcançar mais diversidades e novos olhares para as pautas. “Então, é dever do legislativo fiscalizar e cobrar ações do executivo, que é quem executa a política pública de saúde da mulher no município, e garantir que os serviços estejam sendo prestados em sua totalidade. Ainda, é responsabilidade desse poder ouvir a população para que possa ser feita a interlocução entre o poder público e a sociedade e ter vigilância na questão do cumprimento do orçamento previsto para saúde”, complementa Rochelle.

Caroline deixa a dica: “Mulheres, pesquisem, procurem outras mulheres para serem representantes de vocês. Procurem mulheres que pensem amplamente sobre as políticas de saúde, econômicas, de todas as questões sociais e culturais que englobem a mulher, como um todo, a inserção da mulher dentro da sociedade, o papel social da mulher hoje e o que está sendo feito por e para essa mulher de hoje, além das gerações que vêm por aí. Busquem em mulheres, votem em mulheres, busquem candidatas que possuam a mesma linha de pensamento e raciocínio que você quer para suas filhas, irmãs, mães e avós. Pensem, sintam essa necessidade de representatividade feminina para que nós possamos garantir politicamente nossos direitos”, finaliza.

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